Brasil & Mundo

Qualidade da carne brasileira pode ameaçar exportações

O aumento da produção de carne precisa estar alinhado com a melhoria na qualidade do produto. A carne produzida  hoje no Brasil está na berlinda desde a Operação ‘Carne Fraca’, deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano, que denunciou a venda de carne adulterada dentro e fora do país.

O Brasil tem o maior rebanho e é o segundo em produção e exportação de carne bovina. Desconfiados, países que costumavam importar o produto estão aumentando o rigor e suspendendo a importação, como no caso dos Estados Unidos.

“Sem ganho de qualidade, há o risco de termos que comer mais e mais, porque os países lá fora não vão querer comprar nossa carne", é o que garante  Leonardo Alencar, gerente de Inteligência de Mercado da Minerva Foods, uma das maiores empresas da América do Sul.

O Brasil exporta 19,2% de toda a carne comercializada no mundo, perdendo apenas para a Índia, que detém 19,8% da fatia de mercado, seguido pela Austrália e Estados Unidos, com 17,3% e 16,7% respectivamente. "O mercado internacional conhece a carne do Brasil, sabe que é competitiva e de qualidade, mas o ponto principal, que faz com que compre a carne brasileira, ainda é a competitividade, mais que a qualidade", diz o gerente.

Atualmente o Brasil tem 215 milhões de cabeças de gado e produz 9,5 milhões de toneladas de carne. A produtividade é bem menor que a dos Estados Unidos, responsáveis pela produção de 12 milhões de toneladas, com 86 milhões de cabeças de gado. “Nosso produto é barato, bastante competitivo. A gente consegue atender a quase todos os mercados. Exportamos para mais de 100 países. Os Estados Unidos e a Austrália exportam para menos de cinco países", conclui Leonardo.

O mercado externo tornou-se bastante atraente para os produtores por causa da queda no consumo interno devido à crise econômica. Um dos principais concorrentes do Brasil é a Índia, que oferece bons preços e qualidade duvidosa. De acordo com o gerente da Minerva Foods, o Brasil tem produção bastante heterogênea, o que acaba prejudicando a imagem do produto. "A gente tem que continuar se diferenciando para não ficar nessa briga com a Índia. A carne indiana é consumida misturada em outros produtos, de segunda qualidade, bem diferente da carne premium, que é do Uruguai, da Argentina e Austrália. O Brasil precisa caminhar nesse sentido", defende.

Apesar de conseguir atender a nichos específicos de qualidade, a maior produção do país bem longe desse patamar. Resta saber se, com a possível recusa do mercado externo, o preço da carne na mesa do povo brasileiro vai ou não diminuir.

< Agente da Core é baleado ao sofrer tentativa de assalto em Niterói Prazo para inscrição de não matriculados do ProUni é até hoje <